Zé Carlos Garcia

Zé Carlos Garcia (1973, Aracaju, Brasil) é artista visual, estudou escultura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

As esculturas de Zé Carlos Garcia se apresentam como entes insólitos que podem tomar a forma de insetos imaginários, uma vez que resultam de uma combinação de membros de diferentes espécies, ou ainda da mescla de plumas e partes de mobiliário de madeira. Dessa junção originam-se híbridos que, além de conservar os significados das partes que os compõem, geram uma curiosidade mórbida em relação à sua natureza. Garcia parece assim evidenciar certa perversidade do público, refém, entre estranhamento e fascínio, de seu próprio voyeurismo diante de corpos dilacerados, por mais fictícios que sejam.

A possibilidade de recriar o mundo através de formas inicialmente estabelecidas pela Estética, isto é, não propostas como “dadas” pela natureza, impeliu-o a uma linha de pesquisa que levou à construção escultural de “pássaros”, à redefinição de “insetos” e aos “bustos” esculpidos em pedras sedimentares que não permitem uma forma definida.

O simbolismo dos discursos de poder que marcam a construção da história da humanidade também está presente na pesquisa de Zé Carlos Garcia, como nos “bustos” com sua noção da efemeridade e ruína, e nas bandeiras de crinas de cavalo e nas fincas de madeira que nos remetem aos mastros, às esculturas equestres e aos obeliscos, marcos de conquista e de narrativas de territórios.

A “construção” do seu trabalho origina-se de corpos existentes, às vezes mortos, estáticos, encontrados, naturais ou artificiais, e gera objetos – seres – sob o signo da escultura. Peças e fragmentos de móveis antigos associados a penas, plumas de carnaval e crinas de cavalo são organizados para criar híbridos com poder estético e alegórico.

Seus trabalhos escultóricos caminham na contramão das obras criadas para a posteridade e executadas em materiais consistentes, dialogando com a dimensão da eternidade e da ruína, com a construção de um ideário e a perda do poder.

O artista sugere, portanto, uma discussão com o corpo como peça central – seja animal, humano ou escultural – e a experiência como ação voluntária que altera a paisagem, passando por constante mudança morfológica, também através da adição de novos elementos.

Exposições individuais:
2021: Grande Circo Floresta (Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, RJ) / 2018: Torto (Cassia Bomeny Galeria, Rio de Janeiro, RJ) / 2017: Tropical (Espaço Saracura, Rio de Janeiro, RJ) / Do pó ao pó (Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro, RJ) / 2016: Ganimedes (Zipper Galeria, São Paulo, SP) / 2015: Finca (Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, SP) / 2014: Prumo (Memorial Meyer Filho, Florianópolis, SC) / 2013: Jogo (Centro de Arte Helio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ) / 2012: PET (Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, RJ) / 2010: Hereditários (Durex Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ)

Exposições coletivas:
2021: Cada um grita como quiser (Galpão Dama, Rio de Janeiro, RJ) / Do sagrado ao profano (Galeria Karla Osório, Brasília, DF) / NISE – A Revolução pelo Afeto (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ) / Imagens que não se conformam (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ) / 2019: 2ª Bienal do Barro (Fábrica Caroá, Caruaru, PE) / Inundação (Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro, RJ) / Concerto para pássaros (Goethe Institut, Salvador, BA) / Manjar: Beleza e Devastação ou Eterno Retorno (Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro, RJ) / Luto tropical (Pasto Galeria, Buenos Aires, Argentina) / 2018: Humanal (A Mesa, Rio de Janeiro, RJ) / O Tempo e a Gravura no Espaço (Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, SP) / Busan Biennale 2018 (Busan, Coreia do Sul) / Aluga-se Triplex (ocupação, São Paulo) / Você sonha com o quê? A Flor Mohole e outras fábulas (Galeria Luisa Strina, São Paulo) / Horse Takes King (Fondazione Prada, Milão, Itália) / De Sangue e Ossos (Galeria Matias Brotas, Vitória, ES) / 2017: A Queda (Galeria Movimento, Rio de Janeiro, RJ) / Bestiário (Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP) / Frestas – Trienal de Artes (Sesc Sorocaba, Sorocaba, SP) / A Room and a Half (Ujazdowski Castle Centre for Contemporary Art, Varsóvia, Polônia) / Gazua #946 (Despina, Rio de Janeiro, RJ) / 2016: My body is a cage (Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro RJ) / Primeira de Muitas (Espaço Saracura, Rio de Janeiro, RJ) / Nuit Blanche Monaco (instalação, Praia do Lavrotto, Cidade de Mônaco, Mônaco) / Depois do Futuro (Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ) / 2015: Tórrido (Espacio Odeón, Bogotá, Colômbia) / Coquetel (Castelinho do Flamengo, Rio de Janeiro) / 2014: Materia (Casa Hoffmann, Bogotá, Colômbia) / 2013: Criaturas Imaginárias (Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro, RJ) / E (AutAut Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ) / Redemptive glimpses from the future world (Musterzimmer, Berlim, Alemanha) / 2012: From The Margin To The Edge – brazilian art and design in the 21st century (Somerset House, Londres, Reino Unido) / 2011: Nova Escultura Brasileira – Herança e Diversidades (Caixa Cultural Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ) / 2010: Inquietude (Galeria Durex Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ) / 2 anos (Barracão Maravilha, Rio de Janeiro, RJ) / Eco, Ritmo, Acaso (Galeria Durex Arte Contemporânea, Rio de Janeiro RJ) / 2009: Karnevalismus (ocupação, Berlim, Alemanha) / Ecos de Hélio (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ) / Supernova (Barracão Maravilha, ocorrida simultaneamente em 13 países, Rio de Janeiro RJ) / 1 ano (Barracão Maravilha Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ) / 2008: Do gelo da Escandinávia ao fogo tropical o Barracão Maravilha recria na Terra um inferno de delícias (Barracão Maravilha, Rio de Janeiro RJ) / MAC Filé (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, RJ) / Barracão Maravilha Convida (Barracão Maravilha Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ) / Abertura (Barracão Maravilha Arte Contemporânea, Rio de Janeiro RJ) / 2006: Paranaturais (Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói, RJ) / Abre Alas 2006 (Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ)

Coleções institucionais:
Museu de Arte do Rio – MAR (Rio de Janeiro, RJ) / Fundação Marcos Amaro (Itu, SP)

LEIA MAIS