À inteligência doce e implacável da água ao realizar sua jornada desde a singeleza da nascente até a imensidão oceânica dá-se o nome fluidez. Fluidez é trânsito e transmutação, inconformação e adaptação, é dança e guerra, sabedoria e segredo, jogo e jorro, gota-à-gota, pedra em pó e nova casa. O título da presente exposição, ‘D’olhod’águàfoz’, é um apororocamento linguístico que condensa em um só termo a vitória certeira e mítica do rio no mar. Inicialmente programado para acontecer em dezembro de 2021 como ritual de agradecimento, oferenda e celebração marcando a saída do Solar dos Abacaxis de sua primeira sede na rua Cosme Velho, este Manjar acontece agora, sempre na hora certa, não apenas simbolizando, mas realizando nossa transição desde a nascente do Rio Carioca até a beira-mar. A Casa da Liberdade, que inaugurou-se em 8 de dezembro, será sempre o colo de Oxum – e, como sempre nas nossas exposições de aniversário, essa mostra é para ela.
Para pensar a riqueza e a vitalidade dessas águas, diante da enormidade que há do olho-d’água à Kalunga, convidamos quatro artistas a desenvolverem obras inéditas, comissionadas especialmente para esta mostra: Aline Motta, Azizi Cypriano, Castiel Vitorino Brasileiro e Gabriella Marinho. Além disso, sempre afirmando nossa crença no poder dos encontros que acontecem na encruzilhada entre prazer e conhecimento, convidamos também o grupo de samba Moça Prosa e a DJ e artista Paulete Lindacelva para realizarem apresentações que avivarão os 70% de água em nossos corpos.
Ana Clara Simões Lopes, Bernardo Mosqueira e Catarina Duncan
Este Manjar não seria possível sem o generoso apoio de:
Mara e Marcio Fainziliber
Duda Medeiros e Mikkel Davies
Festa SURURU
Fotos de Renato Mangolin.