- Artistas
- Ato Cívico
- Bené Fonteles
- Brô MCs, Igor Vidor e Yuri Firmeza
- Claudia Andujar
- Denilson Baniwa
- Edgar Calel
- Edgar Kanaykõ Xakriabá
- Encontro Mi Mawai e Kayatibu
- Jaider Esbell
- João In
- Kaê Guajajara
- Katú Mirim
- Louise Botkay
- MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin)
- Mayra Karvalho
- Osvaldo Carvalho
- ReOcupa
- Renata Tupinambá
- Revista Piseagrama
- Sallisa Rosa
- Teatro Oficina Uzyna Uzona
- Yasmin Zyngier
A Terra pertence à Terra
Temos vivido nos últimos meses uma sequência de crimes ambientais irreversíveis e a contínua expressão da desvalorização da vida no coração de nossas maiores potências naturais. Urge percebermos o valor das diferenças e ressaltarmos a comunhão para promovermos uma convivência integrada e multi-espécie capaz de tornar sustentável presença humana no planeta. Nesse MANJAR, a partir de uma rica ecologia de saberes ancestrais integrados a experiência cotidiana, nós evocamos a valorização e a reunião de narrativas indígenas, para pensar, versar, cantar, incorporar e experimentar outras formas de entender disputas e habitações.
Com curadoria de Denilson Baniwa e Catarina Duncan, “RE-CONHECIMENTO” conta com a colaboração de quase quarenta artistas e coletivos de luta, que desafiam, com seus corpos e seus trabalhos, os laços contemporâneos de normatização e opressão. Apresentamos obras de diversas regiões do Brasil e da América Latina para acionar rupturas com tempo, desfazer as lógicas extrativistas hegemônicas do projeto colonial para que seja possível instaurar um tempo de dentro, de conhecimento de si e re-conhecimento do outro.
Esta exposição se trata de uma proposta coletiva para entrelaçar visões de mundo. Esculturas, pinturas, fotografias, música, rezas, assentamentos, impressões, vídeos e performances compõem o vasto campo de manifestações artísticas presentes nesse Manjar. Muitos trabalhos têm funções energéticas de cuidado e consagração. Percebe-se uma rede de criações conjuntas e parcerias, afirmando a necessidade de nos reconhecermos e conectarmos para fortalecer processos de sonho, invenção e luta. Nesse MANJAR, nós respondemos a questões ambientais e políticas atuais em prol de uma aproximação urgente com a terra. Celebramos aqui a vida e sobretudo defendemos sobretudo o direito à vida.
Além de convites individuais, estendemos a participação no Manjar a projetos coletivos elaborados em diversas áreas de criação, como a revista PISEAGRAMA que desenvolveu uma edição inédita para o MANJAR, a companhia TEATRO OFICINA UZYNA UZONA que fará uma apresentação especial e a ReOcupa da Ocupação 9 de Julho de São Paulo, apresentando seus trabalhos pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ao ampliarmos nossas linguagens, nossas maneiras de gerar visualidade e saberes, exercitamos nossa consciência de forma fluída e experimental. A exposição reúne os povos Aurá, Kalapalos, Yapiti, Xakriabá, Guajajara, Tupinambá, Baniwa, Yanomami, Kaqchiquel, Huni Kuin, Makuxi, Guarani, Maxakali, Nonuya, Wampis, Krahô, Terena e Shawi. Impactads pelas palavras do cacique Raoni “Vocês estão semeando a morte por que já morreram”, repetimos aqui que não há política que justifique a morte. É preciso ouvir os povos originários da terra!
O Solar dos Abacaxis é um espaço de criação, troca, encontro investigação, elaboração e experimentação do comum, a fim de construir um presente possível para um futuro justo e diverso que estabeleça formas criativas de coletividade. Esse MANJAR parte da consciência de que é fundamental assumirmos a natureza como imensa multidão de formas da qual fazemos parte. Ele só é possível pela colaboração de pessoas e organizações coletivas que se importam com esse tema, com essa luta. Só juntxs conseguiremos, não existe mudança no campo da unidade.
Denilson Baniwa e Catarina Duncan