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O Solar dos Abacaxis tem como um de seus pilares o elogio ao potencial delicioso e insurgente da co-presença física entre corpos amantes e dissidentes. Por ora, é preciso guardar essa forma de amor e de luta. O Solar sempre afirmou ser sobretudo uma forma de pensar e fazer cultura, de propor relações. No centro de nossa prática estão o cuidado, a emancipação e o fortalecimento dos corpos que produzem e se relacionam com a arte que apresentamos. Um de nossos mais fundamentais exercícios é a invenção de outros modelos de experiência com a arte, distintos das exposições convencionais. Nas últimas semanas, estivemos empenhados em refletir sobre o que podem a arte e as instituições de arte nesse momento. No caso do Solar, nosso maior interesse é imaginar coletivamente o mundo que desejamos e nossa maior preocupação são as formas de sobrevivência imediata dxs artistas. A pandemia e a crise econômica que ela agrava afetam especialmente artistas às margens, que formam grande parte da comunidade de colaboradorxs do Solar. Em resposta a essa apreensão, desenvolvemos a iniciativa “Para nossos vizinhos de sonho” (#paranossosvizinhosdesonho). E você pode participar.
O título que escolhemos se inspira em uma célebre obra de José Leonilson (Para meu vizinho de sonhos, 1991). Tanto o uso de escalas e materiais domésticos quanto o seu interesse por noções de isolamento, intimidade, cuidado, alteridade e fabulação fazem de Leonilson uma importante companhia para essa iniciativa. Além disso, Leonilson nos faz pensar sobre o que se pode aprender com a contínua e violenta história da epidemia do vírus do HIV.
Estamos todxs juntxs diante de um problema que não conhecemos. Nessa situação de desassossego, estupor e luto, faz-se patente a importância da solidariedade, do cuidado e da luta. O vultoso perigo evidencia nossa fragilidade e solidão, mas também nossa resiliência, interdependência, autopoiese, gana de vida. A sombra da pandemia ressalta ainda mais a injustiça e a desigualdade que regem nosso sistema econômico. Há muito imaginamos táticas para desfazer as estruturas da exploração, da subordinação e da normatividade. Há muito encontramos maneiras de sobreviver ao apocalipse que o colonialismo é para tantos povos e grupos. Agora, faz-se ainda mais incontestável a necessidade de construção de outro sistema de valorização do tempo e do trabalho, de comunhão da existência, de distribuição de recursos, de experiência do espaço. Uma nova ordem mundial e uma outra divisão social do trabalho estão surgindo. Parte da humanidade está vivendo radicalmente a digitalização do trabalho e do consumo e a desmaterialização do desejo. Os espaços e momentos de descanso foram convertidos em espaços e momentos de trabalho. As experiências que nos propomos a viver nessa crise se tornam necessariamente laboratórios de maneiras de vida: seus resultados alimentarão outras formas de existir. Tudo que é provisório agora pode se tornar permanente. Como garantir que esse momento resulte em formas de cidadania que valorizem a solidariedade e recusem a segregação? A nova forma do mundo depende em grande parte da nossa capacidade de imaginar coletivamente um mundo melhor e de nos mover, com força, orientados por essa imagem aglutinadora, engajadora, motivadora. Se isso depende de nós juntxs e fortes, precisamos fazer todo o possível para sobrevivermos.
Refletindo sobre essas condições, convidamos artistas a criarem prefigurações de um mundo melhor, elaboradas direto de dentro da crise em seus isolamentos físicos. Quais são as imagens que o mundo precisa agora? É imprescindível tomarmos a dianteira dessa disputa no universo das imagens. Cada artista participante dessa iniciativa pode convidar outrx, fundando assim uma corrente de elaborações poéticas que desdobram mundos possíveis. Dessa maneira, formaremos coletivamente um arquivo reunindo mundos imaginados pelxs artistas durante a pandemia do COVID-19. Participantes poderão responder com desenhos, poemas, pinturas, cantos, áudios, vídeos, danças, performances, lives, festas online, grupos de estudo, instruções, memes, tudo o que pudermos tornar público por meio das redes sociais. A iniciativa conta com microprêmios pelas colaborações – e essa é nossa forma de continuar colaborando com o sustento dxs artistas, mesmo com as atividades em nossa sede momentaneamente interrompidas. A contribuição da nossa rede de seguidorxs, frequentadorxs e doadorxs que sempre nos fortaleceu é fundamental em um momento de profunda vulnerabilidade como este. Esta é uma chamada à ação para a criação do Fundo Colaborativo Emergencial para Artistas e Criadorxs. Aos que podem fazer doações de qualquer valor ou colaborar de qualquer maneira para que possamos continuar nossas missões com xs artistas e nossa comunidade, pedimos que respondam a este e-mail manifestando esse desejo de somar! Nós encontraremos formas de estar juntxs!
A publicação das colaborações dxs artistas começa esta semana e, sempre que compartilharmos a obra de umx artista, divulgaremos também projetos de solidariedade e luta que precisam de apoio urgente nesta hora, indicados pelx participante. Vamos juntxs! Cuidemos de si e uns dos outros. Cuidemos de si e uns dos outros.
Solar dos Abacaxis