- Artistas
- Ana Clara Tito
- Ana Matheus Abbade
- Arthur Chaves
- Bárbara Wagner e Benjamin de Burca
- Bloco Amores Líquidos
- Bruna Amaro
- Bruno Balthazar
- Carlos Vergara
- Denilson Baniwa
- Enrica Bernardelli
- Feitiçu / Tiago Mata Angelino
- Fernânda Zêrbim
- Hélio Oiticica
- Jo Serfaty e Mariana Kaufman
- Juliana dos Santos
- Letrux
- Marcos Chaves
- Maria Palmeiro
- Mariana Paraizo
- Mariwô
- Natali Tubenchlak
- Nathalie Nery
- Opavivará!
- Rafael Bqueer
- Rivane Neuenschwander e Cao Guimarães
- Sabores do Porto (Associação Cultural de moradoras do Morro da Conceição)
- Tiago Sant’Ana
O carnaval é o momento em que os fluxos rebelam-se para mostrar poder vencer as formas. É quando as leis e regras sociais são revogadas em nome da força do desejo e da fantasia; é quando a opressão é derrotada pela insubmissão e pelo delírio. Esse é o tempo em que as casas, bares e salões tomam ares de praças – e em que as praças, ostentando o auge do livre e generalizado contato familiar, revelam a farsa contida na ideia de privacidade. Esse é um espetáculo sem roteiro, sem ribalta, sem divisão entre ator e espectador, em que os devires revolucionam-se, alucinam-se. Numa terra sem projeto, sem plano e sem sucesso, a vida é imparável e flui: escoa sem ecoar.
No tempo da catarse, miramos a catálise. No reinado de Momo, temporada do transbordar, da alteridade e da vertigem, é mais fácil perceber a rua como um território fértil para a construção micropolítica do presente a partir dos destroços da civilização. Afinados à rebeldia, incorporamos a revolta. Indo em direção a todos os limites, podemos trançar coletivamente, com disputas e colaborações, novas formas de existência, novas maneiras de estar no mundo. E é por tudo isso que o carnaval é necessariamente e poderosamente político.
Nessa exposição, convidamos artistas a colaborarem com experimentos (quase todos inéditos) que são ao mesmo tempo obras de arte e do carnaval. São esculturas, costuras, objetos, pinturas e instalações que são também estandartes, fantasias, máscaras e esplendores. Na maioria dos casos, são elementos que podem ser objetos para a fruição visual distanciada, mas que se destinam também a descer das paredes e serem ativados neste Baile no Solar. Talvez, depois, se Exu quiser, poderão até mesmo descer a ladeira e serem utilizados no carnaval. Temos ainda uma programação de vídeos no porão e o principal: todas as obras trazidas, vestidas, incorporadas, performadas pela comunidade do Solar, por todos aqueles presentes que fazem o Baile da Aurora Sincera. O convite de hoje é reluzente: desvende-se!
Solar dos Abacaxis
Fevereiro, 2019