Manjar

Manjar: À Construção

À Construção

Ao dedicar este MANJAR à construção, abrimos caminhos para novas relações de convivência no Solar dos Abacaxis. Essa exposição propõe o próprio processo de reforma-construção como uma experiência de criação e habitação da Casa da Liberdade. Depois de um complexo e preciso movimento, conseguimos desenvolver um acordo de permanência nesta casa. A nova configuração nos possibilita experimentar outras dinâmicas e formatos para nossas ações. Esse manjar inaugura o programa ESTAÇÃO SOLAR, que acontecerá todos os finais de semana até o mês de Março. A ideia é que, durante esse tempo, nós possamos construir os alicerces e pilares para a habitação diária do Solar como um espaço de criação ética e estética, de dissidência poética e política, de construção de conhecimento e partilha de saberes. Esse processo será baseado no encontro, na escuta, no acolhimento, no fortalecimento mútuo, no mutirão, na polinização cruzada de sonhos, desejos e utopias.

Nesse manjar, tratamos de experimentar formas de relação entre tempo, espaço, o oculto e a criação, tecendo outro paradigma para a noção de trabalho. As vidas envolvidas nesse movimento são muitas daquelas alienadas, vigiadas, oprimidas e subjugadas pelas estruturas de poder características do colonialismo, do capitalismo e do patriarcado. Contra- atacando esse tempo que insiste em violentar, apartar e invisibilizar corpos, mentes e espíritos de trabalhadorxs e construtorxs, celebraremos o prazer e a potência inventiva dos processos coletivos. Reunimo-nos aqui por reconhecermos a capacidade singular de nossos pares de criar cortes, dobras e derivas na direção de um mundo mais justo, saudável, afetuoso e gostoso.

À Construção desfaz a distância simbólica entre a arte e o trabalhar, instituindo uma equivalência que almeja dar visibilidade, revelar, comungar todos os processos de construção aqui presentes. Vislumbramos o desenvolvimento de formas de vida em que o trabalho seja livre e libertador, fértil e fertilizante, saudável e regenerativo, prazeroso e revigorante, coletivo e engajador, desalienante e anti-senhorial.

Nos últimos quatro anos, o Solar se construiu como uma rede de troca e solidariedade. Para cada ação, situação, exposição, nos transformamos em novos corpos coletivos, com novos membros, capazes de outros movimentos. Mais de 300 artistas, pesquisadorxs e curadorxs já foram parte desse corpo mutante, mas seu núcleo fundamental e mais perene é formado por um grupo amoroso e incansável que se mobiliza para construção de cada Manjar.

Esse chão já viu e ouviu diversas formas de conspiração, celebração e resistência. Agora abrimos o terreiro para novos encantos e encontros, que não começam ou terminam nesse dia, nem nesse Manjar. O tempo se expande, a escuta se abre. Seguimos juntxs. À construção!

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